quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O real valor do soldado brasileiro


Reinaldo Afonso Mayer
Professor Universitário
Vice-presidente da AORPG – Associação de Oficiais da Reserva R/2 de Ponta Grossa.

Neste dia 25 de agosto, os militares da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada subiram a rampa que dá acesso ao 13º BIB. Vindos de diversos pontos da cidade, familiares e reservistas se juntaram aos integrantes do nosso exército brasileiro. É O DIA DO SOLDADO, de representatividade intensa para as Forças Armadas e para todos que viveram ou convivem com as rotinas diárias da caserna. Na incorporação do contingente de 2010, aqui na região, 4000 jovens concorreram a aproximadamente 600 vagas destinadas ao serviço temporário, num processo seletivo que se iguala aos vestibulares locais. Concluímos então, que nos quartéis de hoje, temos jovens livres e compromissados, apesar de estarem prestando um “serviço militar obrigatório”. E os reflexos são importantes, mais que isso, decisivos  e benéficos, como foi para cada um de nós que estivemos com a farda verde-oliva, independente de nossos postos ou graduações, cargos ou funções, serviços ou missões. Da alvorada ao anoitecer, a aprendizagem é constante, nos horários das instruções, no canto das canções das armas, na preparação para as formaturas impecáveis. Há no dia-a-dia de uma unidade militar, a atuação técnica e vibrante de oficiais e graduados, profissionais dedicados e amigos, para capacitar jovens em qualquer trabalho eventual a si atribuído, seja ele institucional ou comunitário. Na verdade, há o preparo do espírito e da alma, para que depois, na vida civil, os ensinamentos sirvam para orientar decisões pessoais importantes, para que continuem suas vidas, que sabemos, tem várias etapas difíceis a serem vencidas, rumo a momentos duradouros de realização e de participação social ativa.

Nos quartéis, se busca, acima de tudo, o reconhecimento do dever cumprido, o agradecimento dos companheiros e o elogio dos superiores, que, quando escritos, ficam guardados em gavetas e são constantemente revisitados até o fim de nossas vidas. Na sociedade, enfim, se busca um bom emprego, uma família que possa ser melhor ou com melhores condições do que a dos pais e avós, ou, em resumo, uma velhice com qualidade e repleta de boas recordações. O serviço militar desponta como o fio condutor para os adolescentes de hoje, que frequentemente experimentam atitudes de adultos e compreendem, dentro dos quartéis, que também há responsabilidades de adultos. Também aqueles que deixam o Exército, pouco ou quase nada têm a reclamar, pois rapidamente se encaixam nas atividades profissionais da sociedade, pela formação complementar que recebem, a qual prepara continuamente o soldado – cidadão. Por isso, estabelecem bom vínculo social, muitos se tornam líderes ou se destacam, ignoram benesses políticas ou doações paternalistas, são verdadeiros em tudo que fazem e defendem. Perfilam-se ao ouvir o Hino Nacional, do qual sabem a letra e a música, reservam recursos e tempo para suas famílias, onde são retaguarda e exemplo. Refletem em suas vidas “o orgulho de um dia ser soldado, de quepe, fardado, muito respeitado, soldado varonil, bom de briga, na defesa do Brasil.*” Ao mesmo tempo, nos quartéis, instrutores de carreira, eternos professores, sempre atualizados, recebem novos conscritos, voltando ao ciclo determinístico. E mais uma vez, suas ações vão reforçar a convicção de que o Exército se define realmente como “braço forte e mão amiga”, que não se destina a suprir carências educacionais no Brasil, mas é excelente via de realização moral e profissional.

* Trecho da música de Ivan Lessa, “Braço Forte e Mão Amiga”.

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