segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dia da Pátria


O Grito do Ipiranga, de Pedro Américo

Povo heroico! O sol da liberdade brilhou no céu da pátria. Brasil, de amor eterno, és pátria amada, és mãe gentil, és sonho intenso, és belo e forte. Teu futuro espelha essa grandeza. Verás que um filho teu não foge à luta. Paz no futuro, glória no passado. Com estas frases do Hino Nacional, outra vez fazemos nossa declaração de amor ao nosso querido Brasil.

No dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, o Imperador D. Pedro I proclamou a independência do Brasil, oficializando a separação com Portugal. O reconhecimento da independência brasileira se fez com o Tratado de Paz e Aliança, assinado entre Portugal e Brasil.

A nação brasileira foi construída com o trabalho dos escravos negros, com o sangue dos indígenas, com a defesa das fronteiras pelos soldados brasileiros, com a realidade multi-étnica das imigrações, com a pujança dos recursos naturais e da extensão territorial, com os intelectuais e os trabalhadores braçais, com as instituições que se fortaleceram no tempo da nação, com os poderes que se constituíram, com a formação do Estado de Direito, com a ação política e o desenvolvimento econômico, com a afirmação da cultura brasileira e da identidade nacional, com a luta dos heróis e os percalços das vítimas, com o sacrifício e o esforço das gerações passadas.

O conceito de pátria traz implícita a ideia de unidade. Longa foi a discussão e longos os impasses para se chegar à unidade federativa. A solidariedade orgânica, assegurada pelo Estado-Nação, cimentou a unidade entre os cidadãos brasileiros. Por isso, os símbolos nacionais são, também, o retrato do Brasil, de nossa terra e de nossa gente. A bandeira, o hino nacional, o brasão devem ser tratados com respeito. Mais que nos tempos da copa do mundo, o patriotismo verde-amarelo precisa ser um empenho educativo e social.

Os símbolos têm uma linguagem própria, remetem aos valores, apontam para a direção a seguir. Por isso, não podem ser desconsiderados ou ignorados.

A independência do Brasil não foi apenas um gesto heroico do passado. Ainda há muito para construir nessa nação inconclusa. Revoltados com os impostos, os brasileiros do século 19 se rebelaram contra Portugal. Entretanto, ainda hoje, somos o país que mais paga impostos, e trabalhamos durante cinco meses do ano exclusivamente para pagá-los. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, o consumidor brasileiro gasta 40,54% de seu rendimento bruto com o pagamento de impostos, taxas e contribuições aos governos federal, estaduais e municipais.

A afirmação de uma nação se faz com a identificação de seus cidadãos e com o direito de cidadania aos imigrantes que nela se fixaram. Entretanto, milhares de jovens e de famílias brasileiras viram-se forçados a trabalhar, a estudar e a morar em outros países porque sua pátria não foi mãe gentil. Outros, ainda, foram vítimas do tráfico humano que os exportou para a prostituição. É preciso, sempre mais, que o Brasil seja um país para todos os brasileiros.

A afirmação na nação, por outro lado, não pode caminhar para os nacionalismos fechados e indiferentes ao mundo. Uma verdadeira nação, com plena identidade e consciência de si, também é solidária à “pátria grande”. Não há fronteiras para a fome e para o tráfico de drogas. Também não devem existir fronteiras para a solidariedade e a dignidade humana. Na semana da pátria, seria importante nos lembrarmos também dos expatriados, dos refugiados que procuram asilo. Refugiados são as pessoas deslocadas, à força, por conflitos, perseguições e catástrofes naturais. Segundo o relatório elaborado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o Acnur, em 2009 foi mais de 43 milhões de pessoas foram deslocadas à força em todo o mundo, o maior número registrado por conflitos e perseguições.

A conquista brasileira da independência não é apenas um feito memorável do passado. Acima de tudo, é uma luta de cada dia a ser empreendida também pela nossa geração, com o mesmo heroísmo e coragem das gerações que nos antecederam. Por isso, a Semana da Pátria não deve ser tratada com leviandade ou como alguns dias de feriado descompromissado. A comemoração da Pátria deve despertar a consciência do povo sobre sua pertença ao Brasil. E, outra vez, reiterar que esse patrimônio territorial, cultural e social pertence a todos os brasileiros.

Wolmir Therezio Amado

Publicado no blog Metendo o Bico, em 06/09/2010.



video
Hino da Independência, letra de Evaristo Ferreira da Veiga, música de Dom Pedro I, interpretado por Eliezer Setton (CD "Hinos à paisana").

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